Manifesto


“...mas eu desafio que a única pessoa livre, realmente livre, é aquela pessoa que não tem medo do ridículo”. Luis Fernando Veríssimo

Manifesto dos Praticantes da Filosofia, Cultura e Arte BDSM

Considerando que todo o ser humano é livre e livremente dispõe do seu corpo e mente para escolha da sua opção sexual...

Considerando que é pratica sexual admissível tudo aquilo que as pessoas decidem livremente fazer e aceitam mutuamente com prazer, sem pressões e imposições diversas que não a da vontade...

Considerando que os prazeres que a natureza dispõe a todos os seres humanos estão ligados à forma responsável a que serão utilizados...

Considerando que é considerado ser humano todo aquele indivíduo capaz de entender e raciocinar sobre tudo o que está realizando...

Considerando que constitui verdadeiro atentado contra a liberdade e crime hediondo toda e qualquer forma de discriminação pelas diferenças de raça, credo religioso, orientação sexual, política e ideológica, bem como as discriminações por práticas de sexo fora dos padrões que a sociedade denomina como “normais”...

Então nós praticantes da histórica e milenar arte das relações BDSM, de forma consentida erguemos nossas vozes para declarar que somos praticantes livres desta forma de expressão e manifestação afetiva e sexual e o fazemos de forma consciente, espontânea e responsável.

São consideradas pessoas amigas e parceiras todas aquelas pessoas que pautam sua vida pela pratica e atividades de forma espontânea e responsável e o fazem de forma legítima e ética.

São consideradas pessoas inimigas todas aquelas que enxergam e ouvem com os olhos e ouvidos do preconceito, que sentem com o coração apertado pelo ódio, que raciocinam sob o comando da intolerância que reproduzem as palavras da ignorância na sua fala.

São considerados membro de nossa irmandade universal todos aqueles praticantes da Filosofia, Cultura e Arte BDSM e afins que o fazem sem nenhum interesse senão aquele de universalizar o prazer pelo critério da troca de sentimentos nobres como o afeto, o amor, a fraternidade, a ética e o respeito pelos demais praticantes.

Dizemos sim ao prazer responsável e seguro da mesma forma que dizemos não às formas de discriminação e opressão ao ser humano. 

Viva ao sexo livre, espontâneo e sob todas as suas formas !

Viva as manifestações e opções sexuais !

Viva as relações BDSM consentidas !

Manifesto pró Mundo FEMDOM

Considerando que a existência das espécies são atos exclusivos da vontade feminina e que cabe a elas a exclusiva opção de permitir a continuidade da espécie...

Considerando a brutalidade, a intolerância e irracionalidade como as espécies masculinas representam a raça humana em profundo contraste com a forma sublime que a espécie feminina consegue dar ao sentido da vida...

Considerando que a espécie feminina possui infinita e imensurável superioridade sobre as demais espécies quer nas relações individuais quer nas coletivas, ou na força de trabalho, sensibilidade e magnificência dos sentimentos...

Considerando que a espécie feminina possui capacidade organizativa, qualidade de decisão, precisão na análise, administração do tempo, sensibilidade nas decisões...

Considerando que, numa análise histórica a humanidade chegou ao século XXI ainda pautada pela guerra, ódio e destruição da vida humana e da natureza em razão da desastrada vontade, egoísmo e prepotência da espécie masculina, incapaz de dar sentido a vida...

Os representantes desta vil espécie masculina veem à público colocar-se de joelhos diante da representação feminina, seja ela qual for, e de forma irrevogável e irretratável, outorgar à ela o comando e controle total sobre todas as espécies masculinas da natureza.

A outorga se dá de forma incondicional por confessarem-se incapazes de conduzir o mundo.

É declarada toda espécie feminina a figura que representa a supremacia das raças e à ela são entregues a responsabilidade da reeducação social e política universal.

Passando para a mera condição de machos reprodutores, serviçais, objetos de prazer, instrumentos de sexo, escravos sexuais e outros adjetivos que forem impostos, a espécie masculina coloca-se rente ao chão, abaixo das solas dos pés femininos na esperança de reverter os destinos da humanidade.

Para tanto, ainda ajoelhados, juram que, para o resto da história comprometem-se a saudar e honrar a espécie feminina, tratá-las sempre com cortesia e submissão, jamais trai-las, jamais reclamar das suas aventuras e ainda incentiva-las, aceitar sempre tudo o que vier delas, cozinhar, cuidar da casa, lavar, passar, criar e educar filhos, dar sempre lugar à elas (em primeiro lugar), acatar todas as suas sugestões, adivinhar seus desejos e manias, respeitar, amá-las apaixonadamente, dar-lhes prazer infinitamente, não sentir ciúmes, não reclamar, estar sempre disposto a satisfaze-las, falar sempre que solicitado, escuta-las eternamente, enfim, submeter-se a tudo o que para elas signifique prazer.

Os adoradores e veneradores da espécie feminina juram jamais elevar a voz e a comportarmo-nos de forma submissa e servil, adorando e venerando sempre, submetendo-nos eternamente e amando, nunca levantar ou ir dormir sem antes agradecer a existência da espécie feminina e nunca reclamar de nada.
 
São declarados o elemento masculino como eternos escravos e, espontaneamente, por livre opção, e colocam-se submissos, cativos, na condição de meros objetos... agradecendo esta condição.

Carta de Princípios

A ideia é construir um grupo de pessoas que, por mais heterogêneas que possam ser, identifiquem-se num tipo de comportamento que lhes identifique a afinidade: “a filosofia, cultura e arte, voltadas à prática de relações BDSM, com foco exclusivo na orientação FEMDOM”.

O credenciamento das pessoas que participarão deste seleto grupo será pautado pela fraternidade, a ética, a solidariedade e a amizade entre os participantes, não sendo tolerados nenhum tipo de comportamento fora desta premissa e nem envolvimentos financeiros e dependências materiais de qualquer ordem.

São objetivos principais a promoção, a discussão, a troca de idéias e de experiências ligadas ao mundo BDSM, bem como estimular o contato mútuo e a prática segura, apaixonada e tranquila entre os membros.

A sociedade terá caráter restrito aos membros e, para o ingresso de mais pessoas, estas deverão obedecer o critério da indicação. Cada membro tem o dever de procurar mais adeptos (as) das praticas e da filosofia, cultura e arte BDSM/FEMDOM.

Para ser aceito, o(a) candidato(a) deverá receber o voto de – pelo menos – 2/3 dos membros existente no quadro, bem como deverá ser “sabatinado” em questões de caráter fundamental aos princípios do grupo e assumir compromisso com a irmandade.

São princípios fundamentais os citados acima: solidariedade, responsabilidade, confiança, fraternidade, ética, prática e vocação para as relações BDSM/FEMDOM.

É compromisso entre os membros promover e estimular as relações acima.

Não são admitidos – em nenhuma hipótese – quaisquer formas e tipos de preconceitos, pendências e dependências financeiras, pressão de qualquer ordem, uso de drogas e bebedeiras, prostituição, exploração de lenocínio, assédio e pedofilia, bem como relações que entrem em choque com o disposto nos códigos penal e civil brasileiro e/ou contrariem ou violem, de alguma forma a Lei. 

Todos os membros adotarão pseudônimos e, através destes, serão identificados e reconhecidos entre os demais membros do grupo.

Será instituído um site e hospedado na internet com a divulgação do grupo, suas ações, práticas e propostas.

Este site contará com histórico, atividades, princípios, fotos, calendário de atividades, cadastro, chat e lista de discussão, além de promover literatura e publicações sobre o tema. O site será a “sede (ou templo) virtual” do movimento que não terá uma sede física, mas também terá como objetivo construir uma “sede (ou templo)” físico para encontros periódicos ou para abrigar aqueles que estejam de passagem por alguma das localidades onde existam membros da organização.

Serão promovidos encontros periódicos entre membros e, mesmo que muitos não possam participar por qualquer razão de ordem financeira ou pessoal, ainda assim continuará membro, pois o maior compromisso é a fraternidade.

O movimento, o grupo, a irmandade, enfim, a sociedade, escolherá um nome e logomarca, e será redigido um manifesto de fundação, cuja proposta segue em anexo e, também terá como função aproximar-se de outros grupos de pessoas com a mesma afinidade dentro e fora do território nacional e promover atividades de intercâmbio e mútua satisfação e conhecimento.

No futuro, haverá boletins e periódicos com notícias e circulares entre os participantes tanto dentro quanto fora da internet.

O movimento estimulará a organização de viagens em grupo e encontros, dentro e fora do território nacional.

Participantes da irmandade terão direito sagrado de escolha nas relações íntimas ou até mesmo de abster-se delas e serão respeitadas as condições de casais e de participantes que constituam núcleo familiar.

Nas práticas da filosofia, cultura e arte BDSM/FEMDOM serão respeitados todos os princípios aqui dispostos bem como aqueles reservados nas relações íntimas entre as pessoas, inclusive através dos contratos existentes.

Cabe a qualquer membro da irmandade ajudar e contribuir para o crescimento do grupo e não serão aceitas nenhuma interferência nas relações íntimas e particulares.

O ingresso no grupo é livre e a retirada também. Serão expulsos membros que pratiquem atos fora do disposto nesta carta de princípios ou que mentirem quando do ingresso ou praticarem atos contra os princípios éticos e fraternos da irmandade.

O tema central do grupo é o BDSM, com foco na FEMDOM, significando todas as suas práticas e formas de expressão, todavia a irmandade tem como princípio e fundamento a figura da Mulher Dominadora e o site bem como e templo serão edificados sob esta ótica e premissa.

Assim sendo, a irmandade terá sempre uma Rainha Soberana que governará apoiada por um Conselho Soberano composto por todas as Dominadoras que fizerem parte da irmandade, e somente as Rainhas ocuparão os setores de comando e administrativos.

A Rainha Soberana que não for aclamada, será eleita com a maioria de votos secretos de todo o templo e deverá ter a aprovação de 2/3 do Conselho Soberano, para um Reinado de dois anos que poderá ser repetido tantas vezes quantas for necessária ou for do desejo de todos.
  
Setembro de 2001.
 
 “’É preciso não se render a quem proclama que sonhar é uma forma de 
fugir do mundo e não recriá-lo”.  Paulo Freire